I nsisto: não sei porque me pediram para escrever sobre o Elvis. Parece que era preciso alguém que não fosse doido pelo Elvis e alguém que não o detestasse profundamente. Sou eu. Apesar dos pesares, o Elvis é da geração anterior à minha. Não sei se os meus pais gostavam muito do Elvis, mas eu garanto que ele não é a minha praia. É verdade que aqueles de que eu gosto verdadeiramente, os que revolucionaram a música e os costumes, os Mozart e Chopin do século XX, deram entrevistas a agradecer ao Elvis, que o Elvis tinha sido um mestre e um inspirador, que sem eles não fariam o que faziam e etc e tal. Pois: mas eu sou é por eles.
Do Elvis guardo o rock & roll, que era muito interessante, porque púnhamos as miúdas a rodopiar entre os braços, depois para lá, depois para cá, às vezes a passar por baixo das pernas, outras vezes por cima dos ombros, umas vezes a passar à frente, outras pelas costas. Aquilo, realmente, era animado: muita energia e feromonas pelo ar. Mas se me perguntarem, assim de repente, de que músicas é que me lembro do Elvis, a minha resposta é: poucas, muito poucas. Depois de ter ido ao baú das recordações onde estão os CD que já só se ouvem quando o rei (e não é o D. Duarte, embora o Elvis seja mais do tempo dele que do meu) faz anos, lembro-me do Blue Suede Shoes e do Jailhouse Rock, para a agitação, e do It's Now Or Never, para dançar romanticamente agarrado ao seu par.
Bom, mas depois dele é que chegou a música! A Hard Day's Night marcou uma nova era no planeta. Antes, era o AB. Depois era o DB. E nada mais foi igual. No site que consultei há uma lista de 419 músicas. Deve haver 327 de que gosto. Assim a esmo: She loves you, Lucy in the sky with diamonds, Help!,Hello, Goodbye, Michele, Eleanor Rigby, All you need is love, Penny Lane, With a little help from my friends, Yesterday, And I love her, So happy together, All together now, Magical Mistery Tour, Lady Madonna, Mrs. Robinson, Chains, Love me tender, Ob-a-di Ob-la-da, The long and winding road, Yellow submarine, Don't let me down, Here comes de sun, Back in the USSR, Let it be, Hey Jude, Something, Come together...
Uff! Chega para provar 1) que o Elvis tanto me dá como se me deu 2) que para mim os maiores de sempre são os Beatles, ouviram bem, os Beatles; e 3) que pela minha bitola os Beatles ganham para aí 327 a 3 ao Elvis?
E toda esta excitação e todos estes textos só porque o Elvis faria 80 anos se estivesse vivo? Ora, ora, let it be, let it be...