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expand_moreDesde que completámos a recolha e tratamento de dados, mais de dois mil casos foram acrescentados à lista, que ultrapassa agora os 11 mil reenvios. Durante o verão de 2020, o Expresso falou com duas pessoas que foram reenviadas e que não estão neste relatório: Lisa, síria cristã de 40 anos perseguida pela família sunita do marido, e Matiullah, afegão de 23 anos que os talibã queriam matar por ele querer ensinar inglês tanto a rapazes como a raparigas. Lisa foi devolvida duas vezes, homens de cara tapada apontaram armas aos comandantes do barco onde ela seguia e chegaram a rasgar uma parte da borracha do bote. Já Mutiallah tentou por 15 vezes entrar na Europa, foi sempre expulso, quase sempre com recurso a violência. Lisa continua na Turquia, não tem coragem para mais uma viagem de barco, continua a viver em segredo, continua a não ter amigas entre as mulheres mais conservadoras que vivem no seu bairro porque se recusa a usar véu e fingir que é muçulmana; o marido, cozinheiro com formação superior, continua a trabalhar clandestinamente, ganha pouco e trabalha sempre mais de 12 horas. Matiullah conseguiu meter-se num cargueiro e chegou há um mês a Itália. Não vê quase nada do olho esquerdo, mas as mazelas “por dentro” são “muito mais assustadoras”.
As histórias de ambos estão num texto publicado na Revista do Expresso, onde também pode ler a opinião do fundador da base de dados que agrega os casos, o testemunho do chefe de equipa da equipa da Polícia Marítima portuguesa em Lesbos e a opinião de advogados especializados em migrações.
Saiba mais sobre estes dois casos aquitext_snippet