Três dias de caos, medo e silêncio no Amadora Sintra

Ao percorrer todas as áreas dedicadas ao tratamento de covid-19 há uma mistura de sentimentos, desde o caos à esperança, passando pela consternação e uma estranha serenidade. Não há estratos sociais, não são apenas algumas idades. Este vírus é democrático e para muitos implacável. Apesar de os profissionais de saúde estarem no seu limite físico e psicológico, existe método e sangue frio para responder a este tsunami. As urgências são um verdadeiro alvoroço: doentes sempre a chegarem e a serem internados ali mesmo, à espera de uma vaga nas onze enfermarias. São 330 camas ocupadas com doentes covid-19. O quadro é paradoxal: vemos o doente que vai ter alta no dia seguinte e, no quarto ao lado, o doente que se não melhorar terá que ser transferido para a unidade de cuidados intensivos (UCI).


A UCI é o patamar mais frágil e desarmante do ser humano nesta luta contra a covid-19. Cada segundo conta, numa batalha que é simultaneamente uma desesperante espera para que os pacientes reajam a esta doença muitas vezes silenciosa. É também aqui que nos deparamos de frente com a frase tantas vezes ouvida: 'a covid-19 não escolhe idades'. Da octogenária à jovem na casa dos vinte anos, passando pelo pai de família de meia idade.


Estranhamente, o lugar mais sereno é a morgue do hospital, o fim da linha para muitos e muitos. Perante a morte, o que se sente é serenidade e respeito.


Estas fotografias são o resultado de três dias de reportagem no Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), o mais fustigado de toda a região de Lisboa e Vale do Tejo na última semana de janeiro e na primeira de fevereiro de 2021

FOTOGRAFIA NUNO FOX


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