0:59
Um minuto
para pensar
Multimédia

O desenvolvimento dos países mais pobres pode reverter a sobrepopulação do planeta?

Sofia Miguel Rosa

Jornalista infográfica

Sofia Miguel Rosa

Jornalista infográfica

Portugal
Europa
África
Ásia e Médio Oriente
América do Norte
América do Sul e Caraíbas
Oceânia
Número de filhos por mulher (eixo vertical) e taxa de mortalidade em crianças com menos de cinco anos (eixo horizontal)
De 1950 a 2100

*Foram usados os cenários centrais de crescimento da população das projeções demográficas das Nações Unidas (variante 2) de 2022 "World Population Prospects 2022" — ONU

arrowToque no botão [play] para iniciar o gráfico animado

O gráfico compara três indicadores: a população dos países, refletida no tamanho dos círculos...

o índice de fertilidade ou número de filhos por mulher, assinalada no eixo vertical...

e a taxa de mortalidade em crianças com menos de cinco anos, lida no eixo horizontal

Quanto mais desenvolvido é o país — neste caso, quando mais baixa é a taxa de mortalidade em crianças com menos de cinco anos — mais próximo da média global é o número de filhos

A ritmos diferentes, a tendência de convergência para os dois filhos por mulher é global

0:59
Um minuto
para pensar

As mulheres no mundo têm atualmente em média 2,3 filhos, em 1950 tinham 4,8. Nos países menos desenvolvidos, como o Níger, o Chade, a Somália e a República Democrática do Congo as mulheres ainda têm em média mais de seis filhos. Será que as mulheres dos países mais pobres vão ter menos filhos a partir do momento em que a sua própria sobrevivência estiver assegurada? Será que quando diminui o risco de morte dos mais novos e vulneráveis as famílias optam voluntariamente por ter menos filhos?

Sim, a ritmos diferentes, a tendência de convergência para os dois filhos por mulher é global. O gráfico animado compara três indicadores: a população dos países, refletida no tamanho dos círculos, o índice de fertilidade ou número de filhos por mulher, assinalada no eixo vertical, e a taxa de mortalidade em crianças com menos de cinco anos ou número de óbitos com menos de cinco anos por 1000 nados-vivos, lida no eixo horizontal. As cores dos círculos agrupam os países pela região geográfica a que pertencem. As projeções demográficas da Organização das Nações Unidas (ONU) recuam a 1950 e avançam a 2100, ou seja, o gráfico acompanha a evolução destes três indicadores nas últimas sete décadas e faz a projeção futura até ao início do século XXII.

Hans Rosling, académico sueco e fundador da Gapminder, usou o rendimento per capita num gráfico semelhante para chegar a conclusões idênticas: quanto mais rico e desenvolvido é o país — neste caso, quando mais baixa é a taxa de mortalidade em crianças com menos de cinco anos — mais próximo da média global é o número de filhos, independentemente da geografia, da cultura ou da religião dominante no país.

keyboard_arrow_down

Projeção do número de filhos por mulher (eixo vertical) e da taxa de mortalidade em crianças com menos de cinco anos (eixo horizontal) em 2100*

*Foram usados os cenários centrais de crescimento da população das projeções demográficas das Nações Unidas (variante 2) de 2022 "World Population Prospects 2022" — ONU


Apesar da tendência de convergência, subsistem algumas diferenças, que se tornam mais visíveis no gráfico com a escala ajustada aos indicadores de 2100.

keyboard_arrow_down

Evolução do número de filhos por mulher
e projeções até 2100*

*Foram usados os cenários centrais de crescimento da população das projeções demográficas das Nações Unidas (variante 2) de 2022 "World Population Prospects 2022" — ONU


O número de filhos por mulher é tendencialmente maior nos países menos desenvolvidos do que nas restantes regiões, onde as mulheres têm em média dois filhos, mas com a melhoria das condições de vida das populações verifica-se uma redução do número de crianças na globalidade dos agregados familiares.

O gráfico em cima mostra que todas as regiões tendem a aproximar o número de filhos da média. O grupo dos países menos desenvolvidos (linha castanha) iniciou a redução mais tarde do que as outras regiões, só em meados da década de 80.

Em 1950 as famílias portuguesas tinham em média três filhos, em 1974 baixaram para dois, e atualmente têm em média 1,4 — um valor mais baixo do que o necessário para manter os números da população constantes. Segundo as projeções da ONU, o número médio de filhos vai subir ligeiramente e, em 2100, o valor médio em Portugal será 1,6 filhos por mulher.

keyboard_arrow_down

Nascimentos e projeções entre 1950 e 2100
(2022 = base 100)*

*Foram usados os cenários centrais de crescimento da população das projeções demográficas das Nações Unidas (variante 2) de 2022 "World Population Prospects 2022" — ONU


Se compararmos o número absoluto de nascimentos atuais (2022 = base 100) com os de 1950, verificamos que os nascimentos caíram em Portugal e na Europa de forma acentuada. A subida de 0,2 pontos no número médio de filhos até ao final do século não será suficiente para inverter a tendência em Portugal. As projeções para 2100 apontam para 52 mil nascimentos em comparação com os atuais 80 mil, ou seja, 65 nascimentos no final do século por 100 nascimentos atuais.

África é a única região onde ainda há uma tendência crescente no número de crianças nascidas. Essa tendência manter-se-á até 2067, segundo as projeções da ONU. Só nessa altura a diminuição do número de filhos por mulher terá efeito no número absoluto de crianças nascidas.

keyboard_arrow_down

EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL E PROJEÇÕES ATÉ 2101*

*Os valores anuais referem-se às estimativas da população a 1 de janeiro. Foram usados os cenários centrais de crescimento da população das projeções demográficas das Nações Unidas (variante 2) de 2022 "World Population Prospects 2022" — ONU


A população mundial está agora a passar o marco histórico dos 8 mil milhões e, segundo os números avançados pela ONU, não chegará a passar os 11 mil milhões. O crescimento da população já está a desacelerar e daqui a 64 anos, em 2086, vai mesmo começar a diminuir. No gráfico em cima já é visível uma ligeira inversão na linha no início do século XXII.