Paula, Fátima, Mafalda, Albertina, Susana, Filomena, Susana.
Sete nomes de sete mulheres que fazem parte dos 450 milhões que sofrem de transtornos psiquiátricos em todo o mundo.
Quem sofre de doença mental debate-se com três problemas: a doença, os seus sintomas, que provocam sofrimento e que interferem na autonomia e qualidade de vida, e o estigma social, levando, com frequência, ao preconceito e à exclusão. A consequência de tal resulta não só mas também na desinformação e no afastamento dessas pessoas, fazendo-as viver à margem da sociedade, escondidas.
No presente projeto fotográfico, foram retratadas durante um ano mulheres com transtornos psiquiátricos. Todas estão internadas na Casa de Saúde da Idanha, instituição fundada em 1894 por S. Bento Menni. Desde a sua origem, presta-se à prática de cuidados diferenciados e humanizados em saúde, sobretudo em saúde mental e psiquiatria. No conjunto de valores institucionais, lê-se numa alínea: “sensibilidade em relação aos excluídos”. Esta peça fotográfica agarra-se a esse repto, dando espaço para as pessoas com doença mental se expressarem, tornando-as, assim, visíveis e evocando a singularidade de cada uma.
Para além de retratar o dia-a-dia no hospital psiquiátrico, foi pedido às senhoras que respondessem à pergunta ‘Quem sou eu?’
— Eu sou uma pessoa que tem um nome, foi uma das respostas escutadas.
A escolha destas palavras espelha a urgência de se retirar a doença mental da margem, deixar de a ocultar, e ver quem realmente está ali.
Citando Virginia Woolf, nada acontece até ser contado. Da mesma forma, nada acontece até ser mostrado. Assim nasceu ‘As Senhoras’, pela vontade de revelar o que é segregado e invisível.