Portfolio de Rui Ochoa
Por um instante, desses que fazem as páginas dos livros, a história pára a meio. Mais precisamente em 1999, 25 anos passados sobre o 25 de Abril, a meio caminho entre o quase cinquentenário Portugal democrático de hoje e essoutro que renasceu na tal madrugada que o poeta esperava para dar lugar ao “dia inicial inteiro e limpo/ Onde emergimos da noite e do silêncio/ E livres habitamos a substância do tempo”.
É essa substância que cresce nas imagens de Rui Ochoa, fotojornalista do Expresso que hoje é fotógrafo da Presidência da República, e no livro que será publicado em junho: “Rui Ochoa — 74-99” (Casa das Letras). A obra conta com um texto de Marcelo Rebelo de Sousa, ele próprio testemunha privilegiada desse quarto de século entre 1974 e 1999. “O novo ciclo histórico iniciou-se com quatro grandes desafios: a descolonização, a democratização, a integração europeia e a mudança do regime económico”, escreve o Presidente da República.
Rui Ochoa acompanhou de perto, e de norte a sul, as mudanças que foram acontecendo em Portugal. Privou de perto com políticos e nunca se afastou da rua e do dia a dia onde milhares de portugueses foram escrevendo as suas histórias, que ajudaram a fazer a história do país. As dores e as alegrias, as conquistas e os falhanços, as tragédias e os momentos de união. E o mundo, imparável, a mudar também.
Em 1999, escreve Marcelo: “As desilusões, impaciências, frustrações de Abril (e do antes e depois de Abril) existiam. Só que eram mínimas. Portugal ainda celebrava o ano fasto de 1998. Após uma década que tinha o sabor da estabilidade e da mudança para melhor. E pensava, sinceramente, que o futuro, lá fora e cá dentro, iria ser sempre assim.”
25 de Abril 1974
O capitão Salgueiro Maia e os seus homens haviam percorrido todo o caminho desde Santarém - o seu quartel - até às imediações do Terreiro do Paço, onde se efetuariam os primeiros confrontos; tensos, mas pacíficos. Percorreu toda a Rua Augusta, passando pelo Rossio indo terminar no teatro de todas as operações: o quartel da GNR, no Largo do Carmo. A fotografia mostra o ato da sua primeira conferência de imprensa, rodeado de muitos jornalistas, ainda incrédulos, pelos acontecimentos que estavam a testemunhar. O regime caiu ali mesmo, ao fim da tarde (já noite), com a rendição de Marcelo Caetano, vinda do interior do quartel.
Rio Maior, 10 de outubro 1976
A emoção de um plenário da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que começou em 1975 a defender e representar os agricultores portugueses perante as instituições oficiais a nível nacional e internacional
Lisboa, 1982
Bairro Alto, o ambiente popular à porta de um bar numa tarde normal nos anos 80 na Rua da Atalaia, que começa no Largo do Calhariz e termina na Rua da Rosa
Lisboa, 1976
Eleições para a Assembleia Constituinte, que vigorou entre abril de 1975 e abril de 1976. A sua eleição realizou-se no dia 25 de abril, com a participação de 91,2% dos portugueses com direito a voto e o seu funcionamento cessou a 2 de abril de 1976 com a aprovação da Constituição, trabalho para o qual havia sido criada
Outubro de 1976
A agricultura, um dos setores mais pobres e que ocupava mais de um terço da população, foi alvo da mais forte intervenção revolucionárias: a Reforma Agrária abriu portas a cooperativas como a «Margem Esquerda», «1º de Maio», «Muralha d’Aço» ou «Catarina Eufémia». E milhares de hectares passaram a ser geridos pelos trabalhadores. Na Herdade da Lobata, o proprietário foi sitiado pelos empregados e por manifestantes vindos de Lisboa, perante uma GNR que assistiu, sem intervir. O Alentejo tornou-se palco de conflitos, que só terminaram com a publicação da famosa Lei Barreto, em julho de 1977.
Lisboa, 1979
Francisco Sá Carneiro e Mário Soares conversam no hemiciclo da Assembleia da República. Em março de 1979, Mário Soares é reeleito secretário-geral do partido no III Congressso do Partido Socialista e em agosto, o Programa do V Governo, liderado por Maria de Lourdes Pintassilgo, é aprovado pela Assembleia da República. A moção de rejeição apresentada pelo PSD e CDS é derrotada na votação.
Lisboa, 15 de julho 1976
Estratega do 25 de Novembro e membro do «grupo dos nove», Ramalho Eanes foi eleito o 14.º Presidente da República, vencendo, à primeira volta, com 61% dos votos. Logo na tomada de posse alertou para o pendor presidencialista do seu mandato. E se também prometeu não recuperar a economia «à custa dos legítimos interesses dos trabalhadores», nem isso lhe garantiu os aplausos das bancadas do PCP e da UDP. Anos mais tarde, porém, seria ironicamente reeleito num segundo mandato com o apoio da esquerda.
05 de outubro 1980
O governo maioritário da Aliança Democrática (AD), eleito em 2 de dezembro, caiu na Assembleia da República (AR) devido a uma cisão no PSD, levando à saída de 37 deputados que acabaram por formar um grupo parlamentar (ASDI). Perante esta crise, que resultou na perda da maioria da AD, novas eleições foram convocadas pelo Presidente Eanes, levando a uma nova campanha pelas estradas do País. O ato eleitoral decorreu em 5 de outubro, tendo a AD obtido um resultado mais robusto do que o anterior, elegendo 134 deputados, a que correspondiam 47,6 por cento.
11 de março 1975
António Spínola já se demitira de Presidente da República, cedendo o lugar ao seu camarada de armas Costa Gomes. Mas, uns dias antes do primeiro aniversário da Revolução, tentou de novo o regresso ao Poder. Às portas do quartel RALIS, comandado pelo major Diniz de Almeida, houve confrontos com um grupo de paraquedistas, mas o golpe acabou rapidamente, num regresso aos quartéis em feliz confraternização, porque «os soldados são filhos do povo». Na tarde do mesmo dia, Spínola deixou o seu refúgio na Base Aérea de Tancos e fugiu de helicóptero para Talavera de La Reina, de onde seguiria para um longo exílio no Brasil.
5 de Outubro
Comício comemorativo do 5 de Outubro, dia da Implantação da República. Pensativo ou adormecido? Ficaram para a História os registos das míticas sestas de Mário Soares, hábito que o político não dispensava.
Lisboa, janeiro 1984
A fotografia testemunha a conferência de imprensa, efetuada num hotel de Lisboa, na qual Marcelo Rebelo de Sousa, principal porta-voz do chamado Grupo de Lisboa, tendo a seu lado José Miguel Júdice, António Pinto Leite, Pedro Santana Lopes e Conceição Monteiro, deu a conhecer ao País (e ao partido) a intenção de levar ao congresso de Braga uma moção rejuvenescedora do programa do PSD, defendendo o regresso à sua vocação bipolarizadora e maioritária. As eleições presidenciais de 1986 estavam no topo das preocupações do, também chamado, grupo Nova Esperança que, um ano depois, na Figueira da Foz, seria determinante para a eleição do novo líder do PSD, Aníbal Cavaco Silva.
Lisboa, março 1982
Partiram de todo o país, numa caminhada violenta e dura, porque o tempo estava áspero e os quilómetros eram muitos. A marcha do desemprego, organizada pela CGTP, tinha como destino uma manifestação nacional, em Lisboa. E a chuva caiu impiedosa, como se São Pedro estivesse do lado do Governo da AD, que, pela voz do ministro Ângelo Correia, acusou os comunistas de «uma encenação» e de um «um novo falhanço, depois das últimas greves». Armando Teixeira da Silva respondeu, mandando «este Governo para o desemprego», que as estatísticas de 1984 mostravam atingir mais de 600 mil trabalhadores.
Matosinhos, 22 de julho 1980
Os 15 pescadores de Matosinhos, que constituíam a tripulação do Rio Vouga, foram sequestrados por soldados da Frente Polisário, que exigiam a libertação dos territórios do Saara Ocidental proibindo a pesca nas «suas» águas. No ataque, o arrastão português foi destruído e os pescadores mantidos durante dois meses no deserto, enquanto decorriam conversações entre o governo de Sá Carneiro, os rebeldes e as autoridades de Marrocos. Luís Fontoura foi o negociador português. O acordo foi fechado num jantar realizado numa tenda em pleno deserto, em Tindouf, após o qual os pescadores foram libertados e trazidos para Matosinhos.
Lisboa, 25 de fevereiro 1986
O ano de 1986 foi fértil no campo das ciências médicas. Portugal colocou-se ao nível de várias experiências, bem-sucedidas em todo o mundo, e que tiveram um grande significado para a medicina. Tal foi o caso do primeiro «bebé proveta» nascido, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Tinha 3300 gramas e 50 cm de comprimento e foi-lhe dado o nome de Carlos Miguel Saleiro. Depois de uma década de tentativas frustradas para ter um filho, os pais submeteram-se a tratamentos de fertilidade, conduzidos por uma equipa liderada pelo médico Pereira Coelho, que permitiu o «milagre» e transformou o bebé em vedeta nacional. O outro, em fevereiro do mesmo ano, deu uma nova esperança de vida a Eva Pinto, de 54 anos, ao ser-lhe implantado um novo coração pela equipa do cirurgião João Queiroz e Melo do Hospital de Santa Cruz. A operação foi um êxito, o que lhe permitiu viver mais uma década.
Amadora, 31 de janeiro 1980
Mais de cem feridos e prejuízos de vulto foi o resultado de um aparatoso acidente ferroviário, ocorrido no final de um dia de trabalho, na linha de Sintra. Uma automotora vinda da linha do Oeste, que aguardava sinal de marcha, foi abalroada por um comboio, a tal ponto abarrotado de passageiros que chegavam a viajar dependurados. Falhas técnicas e problemas no sistema de travagem, foram algumas das causas avançadas para o desastre.
União Soviética, 26 de dezembro 1989
O mundo comunista estava a esboroar-se com o fim da União Soviética. Um a um, todos os países de Leste, satélites de Moscovo, foram-se transformando em democracias, repudiando o comunismo. Nicolae Ceausescu, o ditador romeno que tinha resistido aos ortodoxos de Moscovo, estava isolado no interior e no exterior do país. No dia 22 de dezembro, as forças da Frente de Salvação Nacional tomaram a cidade de Timisoara, seguindo-se a capital, Bucareste. Odiados pelo seu povo, Nicolae e a sua mulher, Helena, foram presos e executados sumariamente no dia de Natal sob os olhares impotentes da Securitati, sua fiel guarda pretoriana.
Marinha Grande, 15 de janeiro 1986
Soares arrancou para as Presidenciais com uns parcos oito por cento. A vitória do único candidato da direita parecia inevitável. Até que, após um almoço com pescadores de Peniche e um baile com varinas da Nazaré, Soares seguiu para a Marinha Grande. A caravana foi recebida com paus e protestos em desagrado pelo desemprego que ali se fazia sentir. Comitiva e candidato foram agredidos. «Somos democratas e não temos medo deles», reagiu Soares. E a sorte virou. Venceu as «primárias» da esquerda e, na segunda volta, fez Cunhal «engolir um sapo» ajudando-o a derrotar Freitas do Amaral.
Janeiro 1986
Mário Soares, Freitas do Amaral, Salgado Zenha e Sousa Veloso já estavam na corrida às Presidenciais quando surgiu a candidatura de Maria de Lurdes Pintasilgo. Sem apoios partidários, a ex-Primeira-Ministra, apresentou-se como a candidata de independentes e católicos progressistas. E foi atacada à esquerda, ora por «fazer perder votos», ora por «dificultar a candidatura de Zenha». O PCP chamou-lhe salazarista; Zenha «utópica e excêntrica»; Soares viu nela «um Otelo sem farda e com saias». Pintasilgo obteve 7,4% de votos, abrindo o caminho a Mário Soares para a segunda volta.
Junho 1985
No final do segundo mandato de Eanes em Belém, o País viveu nova crise política, com a queda da coligação de Governo PS/PSD a ameaçar novas eleições. Um grupo de eanistas juntou-se, numa Convenção realizada em Tróia, e lançou o Partido Renovador Democrático (PRD), cujo pedido de legalização chegou ao Tribunal Constitucional pelas mãos de Hermínio Martinho, José Carlos Vasconcelos e Medeiros Ferreira. Com a ajuda da ainda primeira dama, Manuela Eanes, o jovem partido arrebatou o surpreendente número de 45 deputados e tornou-se na terceira força política, logo às primeiras eleições. Extinguiu-se em 1991, após o desastroso resultado eleitoral seguinte.
Lisboa, janeiro 1978
Chico Buarque de Holanda pouco depois de aterrar no aeroporto de Lisboa para participar no programa especial 'Fados Tropicais' da RTP. Foi o primeiro programa musical gravado a cores pela RTP e destinava-se a assinalar o 21º aniversário da estação televisiva pública.
Lisboa, anos 80
Bancadas parlamentares na Assembleia da República, no tempo em que se liam jornais apenas em papel. No centro da fotografia, uma edição do matutino 'O Diário', fundado nos anos 70 e encerrado em 1989, com prejuízos de vários milhares de contos.
Porto, 02 de agosto 1975
Comício do MRPP, com Fernando Rosas e José Luís Saldanha Sanches no Palácio de Cristal. As palavras de ordem na altura eram 'A classe operária deve ousar avançar na Revolução'.
Madeira, 19 de novembro 1977
Numa noite invernosa e negra, o Boeing 727 da TAP com o número 425 e batizado de Sacadura Cabral saiu de Bruxelas com destino ao Funchal. Depois da escala em Lisboa, o comandante, João Costa, prevendo o pior, comunicou aos passageiros que não seria servido jantar. A viagem acabou tragicamente às 21h45 na pista. Morreram 131 dos 164 passageiros e tripulação a bordo. A catástrofe relançou a polémica sobre a exiguidade da pista do Funchal, de apenas 1700 metros e rodeada pelo oceano. Mas a pista «difícil» — como era conhecida — assim continuou até 2000, data em que passou para os atuais 2781 metros.
Santarém, 1985
O presidente da República Ramalho Eanes nas cheias no distrito de Santarém, quando chuvas intensas provocaram grandes inundações e o isolamento de uma povoação. Um ano depois chegaria ao fim o segundo mandato de António Ramalho Eanes.
Seixal, março 1998
Retrato na Siderurgia Nacional. "País sem siderurgia não é um país, é uma horta", uma frase que ficou para a História e que foi dita pelo ministro da Economia, Ferreira Dias, durante a cerimónia de inauguração da Siderurgia Nacional em 1961. Após o 25 de Abril foi privatizada e voltou a ser reprivatizada em 1994. Hoje é a empresa privada SN Seixal, gerida pela espanhola Megasa e desenvolve a sua atividade no domínio do fabrico de aço.
Lisboa, 02 de dezembro 1979
Sá Carneiro e Snu Abecassis no dia do voto no Liceu Pedro Nunes. Conheceram-se três anos antes, no início de 1976, separaram-se dos respetivos parceiros e enfrentaram o conservadorismo da sociedade portuguesa e os adversários políticos. Morreram juntos, precisamente um ano depois desta fotografia, quando o avião no qual seguiam se despenhou, em Camarate, a 3 de dezembro de 1980.
Açores, 01 de janeiro 1980
Nas ilhas Terceira e Graciosa, a tarde invernosa aproximava-se da noite e nada fazia prever que o pesadelo de 1973, no Pico e no Faial, voltasse a castigar aquelas gentes. Voltou! Morreram 71 pessoas e 400 feridos. Mais de 15 mil ficaram sem abrigo. Eram exatamente 16 horas e 42 minutos locais quando a terra tremeu forte (7,2 na escala de Richter) provocando o pânico em toda a ilha Terceira. Mais de 80 por cento dos edifícios de traça renascentista da cidade de Angra do Heroísmo ficaram destruídos. Juntavam a dor e o desespero de quem via, uma vez mais, as suas casas destruídas e, uma vez mais, equacionava a hipótese de emigrar para a América.
24 de abril 1985
Otelo Saraiva de Carvalho, o chefe militar que há 11 anos havia contribuído para a libertação dos presos políticos do Forte-Prisão de Caxias, está agora, ironicamente, ali detido acusado de colaborar em atos de terrorismo. Um grupo de intelectuais e políticos de esquerda organizou às portas da prisão de Caxias uma vigília de apoio, tendo sida lida uma mensagem pelo ator Mário Viegas. No interior de um carro, um observador atento. José Afonso (o «Zeca»), já visivelmente diminuído pela doença, que o viria a vitimar no dia 23 de fevereiro de 1987.
Madeira, outubro de 1988
Alberto João Jardim durante as eleições legislativas regionais na Madeira. O jurista e político português foi presidente do Governo Regional da Madeira mais de 30 anos, entre 1978 e 2015.
Israel, novembro de 1995
Preocupado com o processo de paz no Médio Oriente, Mário Soares visita Israel e a Autoridade Nacional Palestiniana, na Faixa de Gaza. Ao longo desses dias incita à intensificação dos esforços para que as populações judaicas e arábes possam viver em paz e no respeito das suas identidades culturais e religiosas. Durante a sua estadia em Israel é recebido no Knesset (Parlamento), visita o Museu do Holocausto e presta homenagem às vítimas do genocídio nazi, recordando o cônsul português Aristides de Sousa Mendes e o seu papel na defesa dos judeus perseguidos durante a II Guerra Mundial.
Linha do Oeste na Malveira, 03 de julho de 1981
Troço ferroviário que liga a estação de Agualva-Cacém, na Linha de Sintra, à estação de Figueira da Foz, em Portugal. Embora tenha sido uma das primeiras linhas a ser planeadas em Portugal, só começou a ser construída nos finais do século XIX. Na década de 1980, a CP iniciou um programa de modernização das suas vias férreas, com o apoio financeiro da CEE. A Linha do Oeste foi considerada uma das linhas de importância secundária, ainda parte importante da rede portuguesa, mas de relevância inferior às duas mais importantes, que eram as do Norte e da Beira Alta. No âmbito desse programa, foi planeada a construção de uma nova linha férrea que se prolongaria até Loures e Malveira.
Porto, 1986
Comício de Freitas do Amaral com cartazes 'Prá Frente Portugal'. Naquele ano, Freitas do Amaral protagonizou o maior combate político da democracia portuguesa. A sua campanha nas presidenciais de 1986 foi a mais bem organizada e a que teve maior financiamento à época. Nunca se tinha visto nada assim, uma verdadeira campanha 'à americana'.
Coimbra, janeiro 1986
Freitas do Amaral recebe o apoio de Agustina Bessa-Luís na campanha eleitoral para as Presidenciais. A escritora associou-se por diversas vezes a causas políticas, ainda que tenha dito: “A política interessa-me, mas não me atrai”.
México, julho 1991
Rei de Espanha Juan Carlos I, Cavaco Silva e Fidel de Castro na I Cimeira Ibero-Americana, que decorreu em Guadalajara, com a participação de Portugal, Espanha e dos países da América Latina e Central. Foram discutidos temas ligados à democracia e ao desenvolvimento económico.
Macau, 19 de dezembro 1999
Não terá sido o momento protocolar do fim da presença portuguesa em Macau, mas foi, seguramente, o mais simbólico gesto da despedida. Rocha Vieira, o último governador, saiu do Palácio da Praia Grande com a bandeira nacional, acabada de ser retirada, junto ao coração. A cerimónia oficial, com mais de dois mil convidados e a presença das autoridades portuguesas e chinesas, decorreria mais tarde e noutro local. O hino nacional acompanhou a descida lenta da bandeira portuguesa, substituída pela da nova Região Administrativa Especial. Ao fim de 550 anos, Portugal saía de cena do Oriente.