Na Europa, Lisboa é a cidade onde as famílias fazem mais esforço para pagar a renda e a nível mundial só há cinco cidades à frente. Em média uma casa na capital absorve mais de metade do salário e, apesar de não existirem números oficiais, Helena Roseta estima que atualmente o número de casas municipais ocupadas por famílias ascenda às centenas. Pobres, despejados e sem um sítio a que possam chamar lar - assim é a vida destes lisboetas

REPORTAGEM DE Gonçalo Fonseca em lisboa

A barraca onde Naíde Negrita e Wilson Silva dormem no Bairro Bensaúde nos Olivais. Maio 2020
Zézinho , de 10 anos, brinca na carrinha onde dorme com a sua família no bairro Bensaúde. Março de 2020
Leandro , de um ano, desinfecta as mãos antes de ir para a cama na tenda onde vive com os pais no bairro Bensaúde em Lisboa.
A família de Nélson prepara-se para mais uma noite mal dormida no Bairro Bensaúde após terem sido despejados da casa que estavam a ocupar. Março de 2020
Uma carrinha onde dorme um casal e a sua filha bebé no bairro Bensaúde nos Olivais. Março de 2020
A cama numa casa ocupada onde dormia Dulce, uma migrante vinda de São Tomé. Ela trabalhava nas limpezas de uma empresa de alojamento local. Maio de 2019
Dam "Às vezes só me apetece chorar e dormir. Penso na minha mãe e para vamos se formos despejados. Com um salário mínimo, não consigo pagar uma casa” diz Dam, trabalhadora essencial que está a ocupar uma casa municipal há cerca de dois anos. Fevereiro 2019
Antes de conseguir emprego, Dam passava os dias dividida entre os cuidados à mãe e a procurar soluções.  Ia buscar comida ao banco alimentar, tratava de subsídios e ia a muitas entrevistas de emprego. Fevereiro 2020
Dam "Não quero por a minha mãe num lar. A minha mãe é tudo para mim, foi ela que me deu a vida. Agora que ela mais precisa de mim, eu ia po-la num lar? Nunca” afirma Dam, de 40 anos. A Dam e a sua família estão a ocupar uma casa na zona da Bela Vista há cerca de dois anos. Fevereiro 2019
A filha mais velha de Dam relaxa em casa depois de um dia no curso profissional de apoio a idosos. Maio de 2019
Dam prepara um lanche para a mãe na casa que estão a ocupar na zona da Belavista, em Lisboa. “Eu aqui tenho ordem de despejo, podem-me tirar a qualquer momento. Mas para onde vou com a minha mãe acamada? Vou para debaixo da ponte? Nós não temos nenhum sítio para ir” pergunta Dam. Maio de 2019
Dam prepara-se para um turno como segurança num supermercado em Lisboa durante a pandemia, enquanto o filho mais novo, Gabriel a observa. Abril de 2020
EDNA , de 30 anos, ocupa e trabalhadora essencial posa para um retrato com o equipamento que usa durante o seu dia de trabalho. "Os nossos utentes andam todos cheios de medo, ligam a televisão só vêm miséria. Muitos deles não têm com quem falar. Quando tu chegas, és o único contacto que têm com a rua, por isso tens de lhes dizer que as coisas não estão assim tão más" - conta Edna. Maio 2020
EDNA A entrada da casa ocupada por Edna em Chelas. Maio 2020
Enzo, o filho mais novo de Edna, tem quatro anos e já tem saudades da escola. Maio de 2020
LISBOA Uma rapariga anda de bicicleta num bairro de Chelas. Dezembro 2019
EDNA vê a caderneta da filha Fabiana, com 10 anos, na casa que a família está a ocupar em Chelas. Fevereiro 2019
Enzo tem um ataque de asma em Novembro de 2019. “Os meus filhos são asmáticos, cada bomba custa mais de 20 euros. Tenho de ter sempre 3 em casa. Não é fácil" desabafa Edna.
Fabiana brinca na sua casa ocupada em Chelas durante o Carnaval. Fevereiro 2019
EDNA Sem ter um disfarce para o Carnaval, Fabiana fez esta máscara de coelho para brincar em casa. Fevereiro 2019
Fabiana, de 10 anos, vê televisão na casa que a sua família está a ocupar em Chelas. Outubro 2019
Fabiana no dia em que fez 10 anos, salva um balão fugitivo antes da sua festa de aniversário. Fevereiro 2020
Ela e a sua família estão a ocupar uma casa na zona da Bela Vista há cerca de dois anos. Fevereiro 2019
JOANA , de 36 anos, embala a sua neta bébé de três meses. Dezembro de 2019
JOANA , de 36 anos, manda uma mensagem a uma amiga na casa que está a ocupar com a sua família na zona da Ajuda. “Não recebo nenhum tipo de abono pelas crianças, porque elas são espanholas, nem a cidadania conseguem. Fui vítima de violência doméstica por parte do pai deles e infelizmente tenho a custódia partilhada. Para tudo preciso de autorização do pai” explica. Dezembro de 2019
Nicole, de 20 anos, e as suas duas filhas aproveitam o fim de tarde na casa que estão a ocupar na zona da Ajuda, em Lisboa. Janeiro de 2020

ReportagemGonçalo Fonseca
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Coordenação EditorialJoana Beleza
DireçãoJoão Vieira Pereira

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