Portugal é um dos países europeus com maior excesso de mortalidade?

Portugal é atualmente o segundo país com maior excesso de mortalidade (7,23 – Excesso muito alto), estando só atrás de Espanha (14,823 – Excesso extraordinariamente alto) no índice que mede o excesso de mortalidade em 24 países europeus.

Nas três primeiras semanas de junho deste ano, Portugal foi o país com maior excesso de mortalidade do mesmo grupo de países. O zero é a linha base do índice. Os valores entre -2 e 2 estão dentro do intervalo normal. Quando o indicador está acima de 4 é considerado ‘substancialmente elevado’.

Os números dos óbitos semanais são recolhidos e tratados pela EuroMOMO, uma organização europeia de monitorização da mortalidade, do Statens Serum Institut, na Dinamarca.

Os dados recolhidos são depois trabalhados e padronizados para permitir a comparação do desvio padrão da mortalidade nos diferentes países (z-scores) com o objetivo de detetar e medir o excesso de mortes relacionadas com a gripe sazonal, pandemias e outras ameaças à saúde pública, como as ondas de frio ou de calor.

O gráfico seguinte mostra o desvio na mortalidade portuguesa e na média dos restantes 23 países europeus analisados.

*Média nos restantes 23 países europeus (todas as faixas etárias) calculada pelo Expresso.
O zero é a linha base do gráfico. Os valores entre -2 e 2 estão dentro do intervalo normal (dados EuroMOMO)

As primeiras semanas de 2021 registam os valores mais altos dos últimos quatro anos. Na terceira semana de janeiro desse ano, o índice que marca o excesso de mortalidade em Portugal ultrapassa os 22 pontos enquanto a média dos restantes países, ainda que impulsionada pelos valores ingleses, não chega a seis.

A mortalidade em Portugal é particularmente mais alta em janeiro, assinalada no gráfico pelos picos da linha azul que surgem imediatamente a seguir às linhas verticais cinza que marcam a primeira semana de cada ano.

2020 foi um ano particularmente atípico no excesso de mortalidade em Portugal e nos restantes países europeus. Só em três semanas do ano é que o país não registou excesso de mortalidade e a média das 52 semanas é 3,17 pontos. Em 2022 não houve ainda uma semana sem excesso de mortalidade e o as primeiras 28 semanas do ano, com dados recolhidos pelo Expresso a 22 de julho, fazem uma média de 3,15 pontos, um valor muito semelhante à média do primeiro ano da pandemia de covid-19.

*Média das primeiras 28 semanas calculada pelo Expresso (dados EuroMOMO)

O gráfico em cima mostra a média dos índices semanais de excesso de mortalidade em igual número de semanas aos indicadores disponíveis para 2022 (28 semanas). A média atual está abaixo da registada em período homólogo, mas é mais alta do que a registada nas primeiras 28 semanas dos anos anteriores.

A desagregação por faixa etária mostra que os mais idosos (75 ou mais anos) são os que desviam mais do padrão, mas também a faixa etária entre os 65 e os 74 anos está num nível ‘substancialmente elevado’.

*Primeiras 28 semanas de 2022 (dados EuroMOMO)