0:59
Um minuto
para pensar
Multimédia

O regresso às aulas não é para todas? Em que países?

Sofia Miguel Rosa

Jornalista infográfica

Sofia Miguel Rosa

Jornalista infográfica

África
Ásia e Médio Oriente
Países com pior desempenho no Índice Global da Desigualdade de Género no Acesso à Educação
Entre 2006 e 2022*

*Nem todos os países têm a série completa. Dados: Fórum Económico Mundial

Os países que têm pior desempenho no Índice da Desigualdade de Género no Acesso à Educação são países africanos ou do Médio Oriente, sem exceção

Índice publicado pelo Fórum Económico Mundial e que avalia o rácio de meninas, adolescentes e mulheres universitárias em todos os níveis de ensino, de 2006 a 2022

O Chade é o país que aparece mais frequentemente na 1ª posição, com pior desempenho em 160 países

Os dados para o Afeganistão são limitados e referem apenas os dois últimos anos, mas o país aparece no topo da tabela de 2022, com 0,482 pontos

Segue-se o Chade, a República Democrática do Congo, a Guiné (Conacri) e Angola, na 5ª posição, com 0,693, um rácio ainda mais baixo do que o do Iémen no ano anterior (0,717)

0:59
Um minuto
para pensar

Os países que têm pior desempenho no Índice da Desigualdade de Género no Acesso à Educação são países africanos ou do Médio Oriente, sem exceção. O índice, publicado pelo Fórum Económico Mundial, avalia o rácio das meninas, adolescentes e mulheres universitárias em todos os níveis de ensino, de 2006 a 2022.

Os dados para o Afeganistão são limitados e referem apenas os dois últimos anos, mas o país aparece no topo da tabela de 2022, com 0,482 pontos, um dos indicadores mais baixos deste registo. Em toda a série, só o Chade tem rácios inferiores nos primeiros anos da análise (até 2009), atualmente tem 0,603 e mantém a segunda posição mais baixa em 160 países. Segue-se a República Democrática do Congo, a Guiné (Conacri) e Angola, na 5ª posição, com 0,693, um rácio ainda mais baixo do que o do Iémen no ano anterior (0,717).

keyboard_arrow_down

Regiões onde o rácio raparigas/rapazes é mais acentuado no ensino secundário*

*Regiões onde o rácio é inferior ao indicador mundial (dados ONU)


O gráfico em cima mostra as duas regiões onde o rácio é mais baixo entre raparigas e rapazes estudantes no ensino secundário (quanto mais alto for o indicador, mais raparigas estão a frequentar a escola). As linhas mostram uma inversão no percurso da África Subsariana e do Médio Oriente no final dos anos 90. A situação em África agravou-se até 2006 e só aí se inverteu o aumento da disparidade entre rapazes e raparigas estudantes no ensino secundário.

A série longa dos dados regionais das Nações Unidas recua aos anos 90, mas não está atualizada, e o indicador mais recente é de 2019. Na linha do Médio Oriente é visível a instabilidade nos avanços e recuos da região, em anos mais recentes, mas ainda não refletem a situação afegã do último ano.

Desde que o regime talibã retomou o controlo do Afeganistão que o acesso ao ensino está praticamente vedado às meninas e adolescentes do país. As escolas fecharam em agosto de 2021 e na data oficial de reabertura, a 23 de março de 2022, as portas mantiveram-se fechadas nas escolas secundárias femininas. As poucas escolas que se mantêm abertas têm tantas restrições diretas e indiretas, como a falta de docentes mulheres, que o abandono escolar neste nível de ensino atinge níveis cada vez mais preocupantes.

Nos países com piores rácios de paridade na educação, a chegada à adolescência das raparigas é a etapa mais difícil de ultrapassar, e o ensino secundário é marcado por um desequilíbrio acentuado entre géneros. O gráfico em baixo mostra essas diferenças por nível de ensino.

keyboard_arrow_down

Rácio feminino/masculino
Matrículas por nível de ensino

*O Afeganistão e a República Democrática do Congo não têm dados para o ensino básico. Dados de 2022, exceto os de Angola (2021, últimos dados disponíveis). Dados: Fórum Económico Mundial


Segundo o “Global Gender Gap Report 2022”, que mede outros indicadores além do acesso à educação, a paridade de género não está a aumentar a bom ritmo no mundo. São necessários mais 132 anos para anular as diferenças globais nas oportunidades dos homens e das mulheres e as crises mundiais, que afetam em especial as conquistas das mulheres no mercado de trabalho, só agravam o fosso entre mulheres e homens.