Todos contra todos. Último a ir à baliza. Quem marcar ganha.
Quem nunca disse ou ouviu estas frases é porque nunca jogou futebol naquele campo mágico onde a criatividade é o dom mais importante de todos: na rua. Foi precisamente na rua, com miúdos a jogar, que a Nike começou o seu primeiro anúncio, em abril, da campanha "Arrisque Tudo", dedicada ao Mundial do Brasil, e que acabou por ser o anúncio mais visto do ano.
Quando um grupo está a jogar num pelado e chega outro grupo para jogar e não há espaço, só há uma maneira de resolver o problema (voltando a recorrer à bíblia do futebol de rua): quem ganhar fica com o campo. Aí, os jogadores agigantam-se - ou melhor, imaginam que se agigantam - e passam a ser Cristianos Ronaldos, Ibrahimovics, Neymars, Iniestas, etc, etc, etc. Ah, e também imaginam que namoram com Irina Shayk.
O primeiro anúncio da Nike pré-Mundial, intitulado "O vencedor fica", foi o mais visto do ano, com mais de 100 milhões visualizações no YouTube (isto sem contabilizar as visualizações nas outras línguas todas que não o inglês), cerca de 25 milhões a mais do que o segundo mais visto: um anúncio da… Nike.
A 9 de junho, três dias antes do início da maior competição de futebol do mundo, a Nike voltou a divulgar um vídeo, novamente com os protagonistas do costume (Ronaldo, Neymar, Ibrahimovic, Iniesta, etc), mas desta vez em versão desenho animado. "O último jogo" mostrou, em cinco minutos, o que seria do futebol se não houvesse risco e criatividade.
Apesar do crescimento da marca norte-americana, que só entrou no mercado futebolístico em 1994, a Adidas (que já está nisto há 66 anos e inventou os patrocínios a jogadores e equipas) continua a ter receitas superiores: €2,2 mil milhões contra €1,8 mil milhões no ano passado.
Anúncios à parte, os alemães podem gabar-se de algo que a Nike não pode, apesar da marca dos EUA ter tido no Mundial mais equipas do que a Adidas: teve na final duas equipas a vestir a marca das três riscas, Alemanha e Argentina. E o melhor jogador da competição, Lionel Messi, é Adidas (Ronaldo, lá está, é Nike). E também é o patrocinador oficial da competição, fornecendo a bola utilizada. Conclusão: a competição está ao rubro. Quem marcar ganha?