Let me not to the marriage of true minds
Admit impediments. Love is not love
Which alters when it alteration finds,
Or bends with the remover to remove:
O no; it is an ever-fixed mark,
That looks on tempests, and is never shaken;
It is the star to every wandering bark,
Whose worth's unknown, although his height be taken.
Love's not Time's fool, though rosy lips and cheeks
Within his bending sickle's compass come;
Love alters not with his brief hours and weeks,
But bears it out even to the edge of doom.
If this be error and upon me proved,
I never writ, nor no man ever loved.


O soneto 116 de William Shakespeare é um dos mais bonitos do escritor inglês. Ou, pelo menos, um dos mais românticos. A certa altura, diz assim: "Amor não é amor / se se altera quando encontra dificuldades […] Oh não! É um farol / que vê tempestades mas nunca é abalado". Bonito, não é? Só tem um pequeno problema: no século XVI não havia desporto de alta competição. A estragar o amor, entenda-se.

No século XXI, dois desportistas profissionais podem ter amor, mas também podem ter alguma dificuldade em conciliar as vidas pessoais com a carreira de alto nível. Foi o que aconteceu com a tenista dinamarquesa Caroline Wozniacki e com o golfista norte-irlandês Rory McIlroy, juntos desde o verão de 2011.

Os dois jovens talentos passaram a ter sorte ao amor, mas azar nas respetivas modalidades. Antes da relação com McIlroy, Wozniacki chegou a número um do ranking mundial, com 20 anos, e tinha um palmarés de cinco títulos em 15 torneios. Depois, as vitórias desceram para quatro em 61 torneios. O registo do golfista de 25 anos é ligeiramente melhor: um troféu em 12 torneios antes da relação e sete troféus em 64 torneios durante a relação.


O ano passado foi especialmente mau para as respetivas carreiras do casal, mas McIlroy não se importou muito com isso: na véspera de Ano Novo, pediu a namorada em casamento, com um anel de diamantes de 150 mil euros. A tenista de 24 anos, cuja fortuna pessoal ascende a 19 milhões de euros, disse logo que sim e revelou publicamente que já estava a pensar deixar o ténis para criar os filhos do casal.

Em maio, apenas alguns dias depois de terem enviado os convites do casamento (marcado para novembro), McIlroy acabou tudo. E explicou num comunicado que o problema era ele. "Percebi que não estava pronto para casar", disse, acrescentando que a separação tinha sido amigável e por decisão mútua.

A partir daí, foi sempre a subir. McIlory conquistou o Open britânico e passou a fazer parte do restrito grupo de golfistas, juntamente com Tiger Woods e Jack Nicklaus, que ganharam três torneios majors antes dos 25 anos, e ainda conquistou a Ryder Cup com a equipa europeia. Wozniacki ganhou o torneio de Istambul (curiosamente, no mesmo dia do open britânico) e chegou à final do US Open, onde perdeu para a amiga Serena Williams, com quem afogou mágoas em férias em Miami e correu a maratona de Nova Iorque com um tempo muito simpático: três horas, 26 minutos e 33 segundos.

Separados, voltaram às vitórias. McIlroy passou a ter mais tempo para o golfe, com evidente satisfação. "Voltei a encontrar a minha paixão. É nisto que penso quando acordo e quando me deito", confessou. Já Wozniacki não foi tão cordial, ao revelar publicamente que tinha ficado "chocada" não só com o fim da relação, mas com a forma como McIlroy a terminou: por telefone. "Pensei que ao menos falasse comigo pessoalmente. Foi só um telefone e depois nunca mais falou comigo. Foi muito difícil porque ele tornou as coisas muitos públicas desde o início, com o comunicado", disse, algumas semanas depois de já ter mandado uma boca no Twitter: "Há três anos que não podia usar saltos altos quando me apetecia", escreveu, referindo-se implicitamente aos parcos 1,75 metros de McIlroy perante os seus 1,77 metros.

"O amor não se altera com o passar das horas e das semanas / Aguenta tudo até ao final. / Se isto que escrevo estiver errado / Então nunca escrevi nada e nenhum homem amou". Shakespeare não conhecia o amor de alta competição.