25 de abril

Presos em vésperas de revolução

Fez agora 40 anos. Na madrugada de 18 de abril de 1974, em jeito de antecipação ao 1º de maio, a DGS, a polícia política da ditadura, efetuou cerca de trinta detenções de activistas da oposição, a maior parte pertencente ao sector intelectual do clandestino PCP. O Expresso convidou alguns dos últimos presos políticos do Estado Novo a regressar ao forte de Caxias, 40 anos depois.

Texto José Pedro Castanheira e Mónica Barros
Fotos Tiago Miranda Vídeos André de Atayde

Fernando e Rosa Penim Redondo: Em celas separadas

Há 40 anos, Fernando e Rosa Penim Redondo tinham ligações ao PCP e trabalhavam no IBM. Fernando foi preso primeiro e garante que nunca mais se esqueceu do ruído das portas a fecharem-se atrás dele nesse mesmo dia. Ficaram em celas separadas. Ao revisitarem Caxias pela primeira vez, Rosa sentiu que ganharam a quem os colocou lá.

Fernando Correia: Repórter mesmo na cela de Caxia

Fernando Correia era jornalista do "Diário de Lisboa" e continuou a sê-lo mesmo durante os dias em que esteve preso em Caxias. O primeiro depoimento de um ex-preso político saiu logo no dia seguinte e foi escrito enquanto esperava que Spínola, o presidente da Junta de Salvação Nacional, decidisse quem seria libertado.

Helena Neves: Detida de madrugada com o marido

Helena Neves esteve presa duas vezes antes de 18 de abril. Era o primeiro nome da lista divulgada de presos políticos. Foi detida com o marido Joaquim Gorjão Duarte. Helena relembra a incerteza que sentiu no dia 25 de abril e as sensações indescritíveis que viveu quando percebeu que a libertação estava para breve.

José Tengarrinha: O líder da CDE

Desta última fornada, José Tengarrinha era figura de destaque pelo papel que tinha no PCP. Antes de entrar na cela nº51 em Caxias, passou por variadíssimas detenções. Na noite de 24, soube através de batidelas na parede que estava a haver um golpe militar, temeu que fosse de direita e por isso entrincheirou-se. Foi a noite mais fria da vida dele.

Sérgio Ribeiro: Futuro deputado europeu

Para Sérgio Ribeiro, o 25 de Abril foi como um "segundo parto". A 18 de Abril, tinha acabado de chegar de Bruxelas para vir passar a páscoa a Portugal com a sua companheira. Foi preso, por acaso, quando se dirigiu ao "Notícias da Amadora" para entregar um artigo. Foi a sua colaboração num programa da televisão belga sobre Portugal que não agradou à DGS.